top of page

Estricnina em cápsulas de amoxicilina: um homicídio planeado (2012)

  • Descrição do caso e dos sintomas

Uma senhora de 35 anos foi internada num hospital devido ao início súbito de um comportamento anormal, sendo que na admissão não apresentava febre. Após alguns minutos da chegada ao hospital, a sua condição clínica deteriorou-se e a senhora desenvolveu tremores, espasmos musculares e convulsões generalizadas. Durante as convulsões a senhora esteve consciente, os músculos das mandíbulas não foram afetados e um relaxamento total foi observado entre cada convulsão. Posteriormente, teve uma paragem cardíaca, sendo de imediato entubada e ventilada, no entanto, permaneceu inconsciente e acabou por falecer algumas horas depois.

  • Análise clínica e laboratorial

A autópsia foi realizada duas horas após a morte e não revelou quaisquer sinais de doença potencialmente causadora da morte. Não foi identificado qualquer material medicamentoso no conteúdo estomacal e a microscopia de todos os tecidos, incluindo a da coluna vertebral, foi normal. Foram executados testes para inúmeros fármacos e venenos obtendo-se um resultado negativo em todos. Por fim, efetuaram análises qualitativa e quantitativa relativas à estricnina utilizando como amostras o sangue, urina, conteúdo estomacal e fígado pós-mortem, através de cromatografia gasosa. A estricnina foi isolada do fígado (91 mg/kg), sangue (2,14 mg/mL), urina (2,35 mg/mL) e estômago (137 mg/kg), desta forma confirmou-se que a causa da morte foi o envenenamento por estricnina.

  • Motivo da intoxicação por estricnina

Após a confirmação da morte por intoxicação com estricnina o marido da senhora, profssional de saúde, foi de imediato detido. O senhor confessou que colocou estricnina em pó dentro das cápsulas de amoxicilina vazias e obrigou a esposa a engoli-las deixando sequelas ao nível do esófago. Ele tinha acesso direto ao pó de estricnina, uma vez que estava envolvido numa campanha de eliminação de cães vadios por ingestão de estricnina em pó. O homicida acabou por se suicidar, após ser processado, através de uma autoadministração intramuscular de estricnina em pó. [19]

 

 

Inalação equivocada de estricnina (1982)

  • Descrição do caso e dos sintomas

Oito jovens adultos recorreram às urgências com sintomas de toxicidade, sendo cinco deles internados. Um dos pacientes desenvolveu convulsões violentas e, de seguida, teve uma paragem cardiorrespiratória mas foi estabilizado. Após 9 horas sem qualquer convulsão, o paciente teve uma paragem cardíaca fatal. Três jovens apresentaram convulsões caraterizadas por risus sardonicus, opisthotonus, espasmo flexor dos membros superiores e espasmo extensor dos membros inferiores, que se desencadeavam com o mínimo estímulo sensorial. Hiperestesia e hiperreflexia com mialgia paravertebral associada persistiram por 48 a 72 horas.O último paciente apresentou dor e rigidez dos músculos paravertebrais, refexos rápidos do tendão mas sem convulsões. Os oito jovens apresentaram grandes quantidades de estricnina por análise da urina.

  • Motivo da intoxicação por estricnina

Os jovens adultos foram intoxicados com estricnina em pó, após inalarem o pó, na crença equivocada de que se tratava de cocaína. Todos os sintomas de toxicidade foram desenvolvidos dentro de 30 minutos após inalação. [20]

Referências:

[19] Kodikara, Sarathchandra. "Strychnine in amoxicillin capsules: A means of homicide." Journal of forensic and legal medicine 19.1 (2012): 40-41. 

[20] O'Callaghan, W. G., et al. "Unusual strychnine poisoning and its treatment: report of eight cases." British medical journal 285.6340 (1982): 478.

Casos de intoxicação
bottom of page